Recolho, às vezes, minhas cores
Deixando o sóbrio branco reinar
No contar dos dias
Ainda que exista o improvável
Por entre as horas
De quem já se cansou de esperar
Na sombra misteriosa dos dias
A primavera com seu feitiço prima
Solto um grito entalado na garganta
Ao ver que ainda, no céu, existem
Pássaros absurdamente livres
Colho, então, minhas tempestades
Para que delas eu possa um dia fazer
Revelando meus segredos a alguém
Um caminho rendado de flores
Onde possa, enfim, chegar além