Se um certo "nada" é crescente
Dentro do seu íntimo, dentro do seu ser
Dentro do seu íntimo, dentro do seu ser
Um "nada" que angustia, parte e oprime
Pode ser aí o seu ponto de partida.
O início de uma longa jornada
Onde só você é o peregrino
Pés descalços, sem artifícios
Andar em busca do próprio destino.
Lá, bem longe, ou aqui, bem dentro
Pode estar à espera, colorindo
Uma pérola perdida num labirinto
Onde só você pode encontrar.
Cada qual tem seu jeito, seu caminho
Nas entranhas a existir
Mergulhe, solte-se, fale!
De algumas coisas desista;
De outras insista!
Mortes e nascimentos o esperam
No caminho estreito, só de um,
Tornando-se sujeito de si mesmo
Livre flutue então,
E a pérola colorida, sua será.
Um comentário:
Bonito poema... Bem profundo e instigante.
Me lembra o que Campbell fala sobre os mitos e a busca de uma experiência de "estar vivos" que empreendemos, e que podemos encontrar através do contato com os signos mitológicos das lendas religiosas e de várias outras fontes.
É uma questão importante... E mesmo nesta sociedade consumista que prima pela aparência e pela superficialidade ao invés de dar importância aos aspectos espirituais e reflexivos da vida, creio ser inevitável escapar dela. Podemos adiar, mas hora ou outra olharemos para dentro do abismo, e indagaremos à escuridão refletida "O que és tu, vazio de minha alma?".
Do contrário, incorreríamos, talvez, no absurdo de Camus, e presos estaríamos eternamente na roda de angústia na qual voluntariamente adentramos.
Salvo engano, Freud disse - e você, imagino, pode me confirmar se estou certo ou não - que quem pensa sobre estas questões existenciais é porque está sofrendo de algum tormento no seu insconciente.
Eu já acho que o verdadeiro tormento é ignorar tais questionamentos por completo com volúpias artificiais e outros comportamentos excessivos de nossa era...
E, quem sabe, isso tenha alguma relação com o aumento do tédio, da depressão e dos suicídios nesta época conturbada em que vivemos.
(Me empolguei... perdão por escrever tanto...).
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