Pendurei minhas lembranças no varal
Resolvi que delas nada mais posso tirar
Delas ninguém, sequer, saberá
Se as retiro, sem querer, ainda úmidas
Em nenhum armário posso guardar
Por isto, deixo o sol encandecente
A envolver em seus longos braços
Secando todas as mágoas e mazelas
Como folhas secas em estilhaços
Frescas e muito mais leves
Se tornam as lembranças
Que ao sol, adormecidas, secaram
Onde os ventos se debruçaram
Perfumando sua pele já enrugada
Seu destino, então, já previsto
Se põe em passos largos
Ir de encontro, procurando um lugar
Onde possam, enfim, descansar
Junto a outros sentimentos guardados.