Decidida


Mesmo sem ter aonde ir

Ela partiu...

Da boca, engolidas palavras

Formavam um Adeus

Mesmo sem ter o que vestir

Se despiu de velhos preconceitos

Mesmo sem ter o que procurar

Saiu, decidida, e em busca

Sem entender de notas musicais


Compôs e dançou sua linda e doce canção

Decidiu não mais parar...

E na longa estrada

Se pôs a andar, e andar

Pois que, quem nunca se perde

Jamais se encontra.

Colar de Pérolas


Um arredio colar de pérolas se desfez

Várias delas se espalharam

Sabendo, cada qual , o seu destino

Correndo apressadas para o fundo do oceano

Feito um labirinto percorrido e desvendado

Todo o mar, ansioso, as aguardava

Como amantes distantes que não se vêem,

Respirando o amor que deles exalam

Apenas sonham um com o outro

E no reencontro tardio

Soluçam felicidade...

Sensível



Hoje, percebo quem fui
Mesmo que certezas me faltem
A vida oferece a cada instante
Uma nova e rápida estrela cadente
Para que novos desejos sejam desejados
e logo transformados em doce esperança

Existe, dentro de mim
Um lugar silente e resguardado
De todo barulho e bagunça deste mundo
Lá , eu flutuo na música
E tenho a suavidade de uma poesia

Vou correndo encontrar
Assim que as portas se abrem
A força que habita em toda sensibilidade
Pois, engana-se que apenas olha
E em verdade não vê:
Ser sensível , nada em absoluto,
Significa ser frágil.

Alma Mineira



Minha alma é mineira
Farejadora de ouro e poesia
Aprendiz de luz e pérolas
Garimpeira de rubis, esmeraldas e jades
Num brilho de ofuscar
Nas Minas do sempre ser
Tem sotaque, tem mesmices
Tem cheiro de pão fresco
e andar nas ruas de barro, sempre abrindo porteiras
Minha alma é mineira
É simples, é ritmada
como o cantar das violas
É o escultor e a escultura
É o artista e o seu feito
É o pintor e sua pintura
Minha alma é mineira
É a obra inacabada....

Feliz Tempo Novo!


Observo, encostada na soleira da porta
Toda a vida apressada passar
Lá vejo cheiros e pessoas
Amigos, amores, lembranças
Todos passam e vão-se embora
É necessário ir!
O que se há de fazer?

Junto deles passam os anos
Inquietudes de adolescente
Dúvidas da juventude
Algodão doce, irresponsabilidade
Passam apressados sem saber

A sabedoria está em aceitar o fim
Talvez seja a mais árdua e pesada...
Mas depois do fim
Um novo começo, sempre!

Lá vem a brisa de um novo tempo
Despontando no horizonte
Já posso sentir seu frescor
Tocando meus cabelos

Junto a mim somente o agora
Abro os braços e deixo escapar
Livre como um pássaro, todo o passado, outrora
Vão-se sonhos abandonados,
Objetos quebrados, papéis rasgados
Nada mais é preciso ficar

Tudo passa e vai embora
O que se há de fazer?
Assisto a tudo e posso crer
O Tempo sabe muito mais do que todos nós
Para que desobedecer?
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