Em cada olhar, o infinito


Fico Consciente da sua bela imagem
Quando vejo o sol despontando no horizonte
Como contas de cristais a me cegar
E a luz que entra por esta janela
Faz toda minha coragem despertar


Mergulhado em pequenas porções
O sentimento nosso, de cada dia
De cada olhar, o mais bonito
De todo o amor, o mais polido


E o tempo que me transpassa
Alcança com suas mãos trêmulas
Em cada pequeno gesto, o infinito.

Varais de Lembranças


Pendurei minhas lembranças no varal
Resolvi que delas nada mais posso tirar
Delas ninguém, sequer, saberá
Se as retiro, sem querer, ainda úmidas
Em nenhum armário posso guardar

Por isto, deixo o sol encandecente
A envolver em seus longos braços
Secando todas as mágoas e mazelas
Como folhas secas, e em estilhaços

Frescas e muito mais leves
Se tornam as lembranças
Que ao sol, adormecidas, secaram
Onde os ventos se debruçaram
Perfumando sua pele já enrugada

Seu destino, então, já previsto
Se põe em passos largos
Ir de encontro, procurando um lugar
Onde possam, enfim, descansar
Junto a outros sentimentos guardados.




Delicata



Contesto até o fim, entusiasmada
Um dia de sol pelo menos
Em uma semana nublada

Diante das calçadas nuas a correr
Pernas trêmulas a percorrer
O mesmo caminho que um dia já fiz

Se vejo um botão de rosa a sorrir
Me ilumino toda ao descobrir
Que também eu posso desabrochar

Sortes me esperam na vanguarda
Um anel de pedra azul na mão
E um amor de suspiros no portão






Cálice


Vinho em Cálice

Névoa espalha-se

Corte no silêncio

Ar suspenso

Embriaga-se...

Ciranda dos Ventos


A vida de tão incoerente dói,
De tanto estremecer, destrói
De tanto persistir, corrói

Contínua dança em ciranda
Dos tempos idos e vindos
Do tamanho do instante vivido


A vida vem com o vento
Brisas ou tempestades
E no seu incansável girar
Suporta em seus largos braços,
O presente e o futuro
De quem verdadeiramente ousar viver!
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