Entre as Margens




Gosto do silêncio
Porque nele ouço minhas próprias vozes

Gosto da escuridão
Porque nela posso ver meus próprios fantasmas

Gosto do Hiato
Onde surgem minhas próprias fantasias

Gosto de paredes brancas
Onde projeto o meu próprio filme

É no silêncio
No Escuro
No Hiato
Onde nasço
Onde surjo
Onde existo

Porque são entre as margens que os rios correm
São entre os parênteses que reside o significado
São entre as montanhas que existem os ecos
São entre os medos que sobrevivem os sonhos.

Memórias




Um  grito
Ecoa no silêncio das minhas  memórias
Tanto há  que  se  explorar
Nas  idades à  que vim a possuir.

Tantos  os  meios  de encontrar
Por  meio  às  flores   que recebi
Tantos  caminhos  à  voltar
Nas  imagens  que, em uma  vida, eu  vi.



Sobre o Amor

 
 Foto: O Beijo , Gustav Klint

Quando toquei
E inutilmente esperei resposta,
Errei.

Quando abraçei
E inutilmente esperei retorno,
Acordei.

O amor é um eco da própria voz
no coração do outro.

Quando é possível ouví-lo
Fascina
Faz - sina...

Amar, verbo intransitivo,
Bem disse o poeta.
O amor nasce da sua própria fonte
E deságua sobre aqueles que têm sede.

Sobre Nós Dois



Segue , agora, você
Que adiante lhe  espero
No caminho que temos a percorrer
Porque somos  ainda imaturos
Para tão intenso sentimento

Segue, agora, você
Que este mundo nos é insuficiente
Para tanta liberdade
Porque nossos  passos ainda pequenos
Não conseguem alcançar
O horizonte de nossas  emoções

Ao  abrir os  dedos  da mão
Ainda  molhados com o meu suor
Seguirás a tua  trajetória
E eu, passo  a  passo,
Sentirei  o  seu  ácido perfume
Em  cada  lembrança

Segue, agora, você
Que  o  amanhã, talvez,
Nos  reserve novo  encontro
E neste  instante, possamos  ver
Que  ainda  somos  crianças
E  em  tão intenso amor
Possamos, enfim, nos  reconhecer.

Fugitivos

Seus contornos me rodeiam
Num espécie de raro torpor
Jorram palavras não ditas
Desejando a frase quase maldita

Em ti, com tonturas, encontro
Algo similar que temia perder
Te encontro, sem nitidez, antes da minha partida
Sem perceber...

E agora, o que fazer?
Se antes do claro amanhecer
Um amor, bêbado, nos flagrou?

Lá fora, a vida aflita devora
Cada pedaço perdido do desvario
Ofegante respiração entrecortada...
Lembranças, bruscas, fragmentadas...

Uma mera coincidência de amar
No espaço, num instante de olhar
Juntos, medo de perder...
Separados, medo de encontrar...

Verde Pai

  Ao  meu  Pai, Harvey,  que  hoje  completaria  75  anos 


O Verde da sua roupa 
Sempre te roubou um pouco de mim.

Os acordes de suas  notas

Sempre estiveram presentes
Como  fundo  musical

Em  nossas  vidas.

Agudos e graves nos  seus  dedos

Ao  tocar  um  instrumento,
 Ecoam eternamente nos meus ouvidos; 

Das muitas casas onde vivemos  
Guardo a mesma lembrança de  você:
 Uma bela  criança que se recusou a crescer.

Você fez da minha vida uma linda canção
E a herança que deixaste para mim

Traduziu  o seu  grande  tesouro:
Sua  sensibilidade e  sua  arte
Que soa eternamente como música
E saudade no meu coração.

Sobre o Amor

 Foto: O Beijo , Gustav Klint

Quando toquei
E inutilmente esperei resposta,
Errei.

Quando abracei
E inutilmente esperei retorno,
Acordei.

O amor é um eco da própria voz
no coração do outro.

Quando é possível ouví-lo
Fascina
Faz - sina...

Amar, verbo intransitivo,
Bem disse o poeta.
O amor nasce da sua própria fonte
E deságua sobre aqueles que têm sede.
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