Mansidão



Quando as vozes se calam
Quando a luz externa se apaga
Ouço a música do silêncio

Posso tocar o sol que na noite existe
Posso ouvir o ruído de uma flor que se abre

Não se vendem ilusões
Elas se criam como raízes
Dentro de nós

Livre somos para escolher:
Adormecer ou
Acordar...

Diante do espelho ninguém é normal e belo
As aparências entorpecem todos os sentidos

Juntos somos, ainda , sozinhos
Pois, cada dedo da mesma mão,
sempre é diferente dos demais

Cada poro da pele esconde
Diferentes estórias
No trânsito de imagens
Que chegam e partem
Em cada memória.


No Caminho

Em terra de horizontes largos
Sinto a vida, em mim, ressuscitar
Incansável, o sol salta no céu,
Escondendo sua timidez
Sufocando estrelas...
Escolhendo sempre o brilho e o reviver
E para quem, tudo é novo, sempre

Andar é difícil
Amar é obscuro
Mas vendo a lua deserta
Que ilumina as ruas, incerta
Meus passos seguem adiante

E fica como uma poesia sem fim
O caminho que não se encerra
Sem sentidos...
Sem rimas...
Segue apenas...
No ar que se inspira
Inundado de livres sentimentos
Colhendo as flores enquanto ainda estão belas




Entre as Margens

Foto: Rio Velho por Nelson Afonso

Gosto do silêncio
Porque ouço minhas próprias vozes

Gosto da escuridão
Porque nela posso ver meus próprios fantasmas

Gosto do Hiato
Onde surgem minhas próprias fantasias

Gosto de paredes brancas
Onde projeto o meu próprio filme

É no silêncio
No Escuro
No Hiato
Onde nasço
Onde surjo
Onde existo

Porque são entre as margens que os rios correm
São entre os parênteses que reside o significado
São entre as montanhas que existem os ecos
São entre os medos que sobrevivem os sonhos



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