Feliz Tempo Novo!




Espreito, encostada na soleira da aberta porta
Toda a vida apressada passar
Lá vejo cheiros e pessoas
Amigos, amores, lembranças
Todos passam e vão-se embora
É necessário ir!
O que se há de fazer?

Junto deles passam os anos
Inquietudes de adolescente
Dúvidas da juventude
Algodão doce, irresponsabilidade
Passam apressados sem saber


Saber aceitar o fim é uma sabedoria
Talvez a mais árdua e pesada...
Mas depois do fim
Há sempre um novo começo!


Lá vem a brisa de um novo tempo
Despontando no horizonte
Já posso sentir seu frescor
Tocando meus cabelos

Junto a mim somente o agora
Abro os braços e deixo escapar
Solto como um pássaro, todo o passado, outrora
Se vão sonhos abandonados
Objetos quebrados
Nada mais é preciso ficar

Tudo passa e vai embora
O que se há de fazer?
Assisto a tudo e posso crer
O Tempo sabe muito mais do que todos nós
Não ouso desobedecer.

Medieval



Em pálidos momentos
Correm como antes
Os tempos vindouros
Castanhos e tristonhos
Nas tardes afins.

Sem lampejo,
Sem audácia,
Correm entre o fogo
Das chamas de um breve beijo
Nas lembranças de mim.

E o cálice embriagado espreita,
repousa a turva bebida
que ontem cansada abandonei.

Uma brisa na clara cortina
Esvoaça a densa neblina
De um dia sem fim.

Diário Adolescente


Adalgiza era uma moça singular.
De cabelos cacheados, não gostava de alisar.
Pensava que estar na moda era estar antenada com o seu próprio jeito de andar.
Não gostava da idéia de ficar parecida com as mil garotas do seu colégio!
Gostava de ouvir Elis, enquanto sua turma ouvia Lenny Kravitz.
Dois para lá, dois pra cá , com band-aid no calcanhar e tudo!...
Não se importava com as piadinhas...Afinal, tinha um excelente bom humor!...
Mas só se atrapalhava quando o assunto era tratar das coisas de amor...

-Pronto! - Já dizia. Não preciso de ninguém mesmo!...
-É melhor ficar sozinha!

Mas, no fundo, só ela sabia como e onde doía.
Ver que não conseguia esconder seu interesse e sua timidez
quando se aproximava aquele a quem tinha escolhido para ser o único a estar em todas as páginas de seu diário (com direito a corações flechados e desenhos com suas iniciais).
Mas, mesmo assim, um dia ele a notou e a achou diferente das demais.
Seria o cabelo encaracolado?...
Seria as músicas da Elis?
Não sei...Ninguém sabe...
Só se sabe que amando e sendo amada, é que Adalgiza foi realmente feliz!

Em Algum Lugar


Vinda de um outro lugar
Por suaves brisas trazida
Perdida em seus sonhos aqui chegou
Em sua bagagem, apenas sua essência
Em terras estranhas entrou

Incômoda sensação de não pertencer
No coração e na alma
Uma teia de vida à tecer
Num emaranhado de francas emoções.

Do seu passado, nada a saber
No presente, pés descalços a caminhar
Futuro, apenas incertezas é o que há
Sua mão sobre o peito, sente...
Sua vida a pulsar.

Ciranda dos Ventos



A vida de tão incoerente dói,
De tanto estremecer, destrói
De tanto persistir, corrói

Contínua dança em ciranda
Dos tempos idos e vindos
Do tamanho do instante vivido

A vida vem com o vento
Brisas ou tempestades
E no seu incansável girar
Suporta em seus largos braços,
O presente e o futuro
De quem verdadeiramente ousar viver!


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