Voltas do Tempo



As tranças do meu cabelo
Estão guardadas no armário
Envolvidas em papel de seda
Juntamente com minha infância

Naquelas tardes onde as flores
Exalavam mais o seu perfume
E onde o sol teimava em não dormir
Guardo todas minhas lembranças

Chinelos nos pés
Conversas pueris
Liberdade extrema
Paixões febris

Nas voltas do meu tempo
Todo tempo volta a cada  instante
Por vezes,  ele se  eterniza
Onde  posso , de  longe, ver
A criança que não soube crescer
Com seus encantos e mistérios,
Fez o  ponteiro  do  relógio derreter

Varanda

Moça na Janela- Salvador Dali 
 
Debruçada sobre a pedra
Que sustenta a imensa varanda
Vejo nuvens de lembranças
Onde ao amanhecer
Formam a densa neblina

Paisagens se vão
Carregadas pelos ventos fortes
Que o tempo nos impõe...
Corredores de imagens
Que vida afora
Se formam como quadros na parede

Folhas desgarradas formam outras árvores
Reaproveitando tudo
O que, antes, já foi criado

Depois da ventania
Encontro sua mão
E o que fica a partir de então,
É o mistério alegre e triste
De quem chega e de quem parte.

Pássaro

 
 
Sob a luz da janela
Suas asas parecem mais coloridas e brilhantes
Sorrateiro vôo da madrugada
Que no escuro da noite
Silenciam sua intensa liberdade


Seu sempre calmo olhar
De imponência e doçura
Sabedoria nata, milenar
Que vem no tempo lapidada

Movimento lento, silente
Internece a quem te olha,
Pássaro gigante
Para além da linha paralela que te sustenta
Sobe o horizonte , feito de ar e poesia
Onde nasce e morre minha inquietude

Entremeio nas dobraduras de papel
É feito o enlace da harmonia
Sobe e desce em meus cabelos
Eleve e leve o meu pensamento.
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