Varais de Lembranças


Pendurei minhas lembranças no varal
Resolvi que delas nada mais posso tirar
Delas ninguém, sequer, saberá
Se as retiro, sem querer, ainda úmidas
Em nenhum armário posso guardar

Por isto, deixo o sol encandecente
A envolver em seus longos braços
Secando todas as mágoas e mazelas
Como folhas secas, e em estilhaços

Frescas e muito mais leves
Se tornam as lembranças
Que ao sol, adormecidas, secaram
Onde os ventos se debruçaram
Perfumando sua pele já enrugada

Seu destino, então, já previsto
Se põe em passos largos
Ir de encontro, procurando um lugar
Onde possam, enfim, descansar
Junto a outros sentimentos guardados.




5 comentários:

Feänor disse...

O problema da vida virtual é que ela está contida na e depende da real...

Problema que, em breve, a ciência há de superar: ainda existirão os "fantásmas das máquinas", humanos incorpóreos vagando por entre bits e bytes, destituídos dos laços limitantes que prendem sua essência à fragilidade da carne.

Eu, sinceramente, sempre achei as realidades irreais - seja dos livros ou dos computadores - como muito mais interessantes do que as reais. Bem, ainda tenho tempo para mudar de idéia...

Gostei muito do seu poema "Cálice"! E mais uma vez você demonstrou que sabe muito bem escolher as fotos que ilustram seus poemas...

Sobre as lembranças, as minhas eu guardo em uma caixinha preta lacrada nas profundezas da minha inconsciência... Não ouso colocá-las no varal, temo que a consciência as roube de lá e nunca mais devolva.

Naeno disse...

A ROSA

A rosa que você me deu
Maliciosamente aceitei,
E guardei-a, que o tempo desce
E não há ninguém pra deter-lhe.
Ficando a rosa guardada
Eu terei este tempo de agora
Tempo feliz? Não falei
Ainda não era hora.
O tempo será pra você,
Amor por quem me aventurei
Espero guardado, tudo,
Da rosa que segurei.
Da rosa que eu guardei
Quero a ilusão que estão certos
Os meus intentos de agora
E um dia quando você vir
Mostrar-lhe-ei tudo meu.
Um amor enorme contido,
O coração mais zeloso
E beijos que já aprendi
Amando-lhe nas auroras.

Belo blog.

Um beijo
Naeno

meriam disse...

Oi, querida!
Vim te visitar também. Vou passear pelo teu blog, agora que o encontrei e deixar alguns recadinhos.
O meu está em fase de arrumação. Depois coloco mais alguns dados. Em princípio ele se destina a poesias apenas. Tenho publicado as minhas e a de alguns amigos. Depois quero que me autorizes a publicar algum poema teu também, se assim o quiseres.
Beijão, Meriam

Zilma Damasceno disse...

Gostei do varal, com as lembranças expostas. Amei a foto para o poema.
Amei a sensibilidade do teu blog.
Fino..finíssimo. Bom gosto, gosto ímpar.
Quanto às lembranças, elas podem ficar do jeito que for. Mas jamais mudarão. Jamais deixaram de ser o que foram um dia. "Varais de lembranças", alma exposta ao tempo que não tem começo, meio e fim. Pois é único...sempre presente. Parabéns...Gostei de conhecer teu cantinho. Saber que , como eu. também que és Recantista. Abrs.

Feänor disse...

Amiga poetisa, deixei um prêmio pro seu blog no meu. Se quiser, passa lá pra ver.

Aguardo novas obras-primas suas...

Bjs!

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